Mais de 30 milhões de animais são abandonados no Brasil, anualmente

05/03/2025

O Brasil enfrenta uma crise silenciosa que aflige milhões de seres indefesos: o abandono de animais de estimação. Em meio a paisagens urbanas e rurais, ruas e estradas, a negligência em relação a cães e gatos atinge proporções alarmantes. Dados recentes da Sociedade Mundial de Proteção Animal revelam uma triste realidade, com números que ecoam a necessidade urgente de ações para combater e conter cerca de 30 milhões de animais são abandonados anualmente no país.

O abandono de animais no Brasil é um problema que desafia as autoridades, organizações não-governamentais e a sociedade como um todo. O descarte cruel de animais de estimação ocorre nas cidades e no campo, afetando principalmente cães e gatos, que muitas vezes acabam vagando pelas ruas, em busca de alimento e abrigo. Os números alarmantes revelados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destacam a gravidade da situação — 139,3 milhões de animais de estimação abandonados no Brasil.

No entanto, São Paulo, o estado mais populoso do país, tem enfrentado um aumento preocupante nos casos de abandono de animais nos últimos anos, totalizando em cerca de 3,9 milhões. O motivo por trás dessa epidemia silenciosa é multifacetado. Segundo especialistas, como a veterinária Ingrid Menz, a falta de educação sobre a importância da posse responsável de animais, dificuldades econômicas, mudanças na vida das pessoas, e até mesmo a crescente urbanização contribuem para o problema. Muitas vezes, os animais são descartados em estradas, parques ou deixados para sobreviverem nas ruas, sujeitos a fome, doenças e maus-tratos.

É quando as ONGs entram em cena. Diante do quadro de crescimento do número de animais abandonados nas ruas da cidade metropolitana Campinas, amigos e colegas de veterinária resolveram criar um projeto, o GAAR — Grupo de Apoio ao Animal de Rua. Uniram voluntários, fizeram acordo com diversos centros veterinários não só em Campinas, mas por toda região, como em Hortolândia e Jundiaí, por exemplo, a fim de oferecerem vacinas e castração mais acessíveis aos adotantes.

Com apenas dois meses de projeto, já conseguiram resgatar cerca de 100 animais, cães e gatos, especificamente. No entanto, outro problema abordou a recém-formada ONG: não caberiam nem na casa de nenhum dos voluntários, e um abrigo não seria o cenário ideal para o momento.

Thaise Oliveira, então, formada em administração, já voluntária no projeto, resolveu arriscar lançar o projeto nas redes sociais, no Facebook e Instagram, para pedir por ajuda, de doações e lares temporários. Em cerca de três meses, já estavam com cinco lares temporários, sendo o principal ocupado pela dona Marilza, moradora da região do Barão Geraldo, onde, atualmente, vivem em torno de 15 cães.

Com o retorno positivo, elaboraram um site, cadastraram todos os animais, disponibilizando ao público todas as informações a respeito deles, desde físicas a comportamentais. E, em seguida, passaram a anunciar nas redes sociais, procurando por pessoas interessadas em adotar um animal que foi abandonado ou sofria maus tratos.

Ingrid Menz ressalta que se não fossem os mais de 33 mil seguidores, vários animais já teriam morrido por atropelamento, envenenamento, entre outros motivos. Pois, além de adotarem ou servirem como lar temporário, também contribuem com doações e denúncias.

Talvez esse seja apenas o começo, mas com ajuda dali e de cá, os animais podem encontrar, enfim, o lar e amor que merecem.